Uma das coisas que eu mais faço na vida, real ou virtual, é reparar nomes de marcas. A maioria acho sem graça, outra parte dou risada e tomo como referência do que não fazer. Já outras… Ah, outras me dão vontade de ter assinado o projeto de Naming. É o caso da UAI WHY, uma cafeteria de Porto Alegre – RS.

A primeira vez que vi esse nome foi no X, antigo Twitter, num post com milhões de visualizações, criado exclusivamente para exaltar o nome. Algo raro por lá, já que a rede social é mais conhecida por disseminar polêmicas negativas sobre tudo quanto é assunto. Mas UAI WHY, na verdade, viralizou por ser bom demais! Trata-se de um trocadilho bilíngue que comunica a fusão de sabores e culturas entre Minas Gerais e os EUA. 

Em seguida, comecei a ver reviews do local no TikTok (que, a título de curiosidade, trata-se de uma “aliteração”, ou seja, repetição de consoantes que gera ritmo ao nome da marca) e percebi que mesmo tendo sido lançada há pouco tempo, já era um sucesso.

Certo dia, maquiando com Matheus Avliss, e falando sobre mil coisas, inclusive sobre Naming (que é meu assunto preferido!), ele me disse que a UAI WHY era (é) do seu irmão Claudenir, que se mudou a trabalho para o Sul.  

“Sério que é seu irmão? Me passa o contato dele AGORA”, implorei. Desde então, começou a saga para entrevistá-lo, o que levou alguns meses até que finalmente conseguimos conciliar as agendas.

 

Por que UAI WHY, sô?

Claudenir e Kylie da Uai Why - Porto Alegre

Claudenir e Kylie da Uai Why – Porto Alegre

Eu bati um papo com o Claudenir Ferreira, fundador da UAI WHY, via Google Meet, para saber sobre o processo criativo do nome e como a escolha influenciou diretamente o lançamento (e sucesso!) do negócio. 

Claudenir, mineiro de Governador Valadares (como eu!), me contou que a ideia da marca nasceu como uma homenagem à avó Maria do Carmo, carinhosamente apelidada de “Likita”. Os avós paternos dele eram doceiros na cidade, e essa memória afetiva inspirou o desejo de criar uma marca que representasse a cultura mineira, seja pela culinária ou pelo atendimento acolhedor.

Mas o destino, e talvez um lampejo de genialidade criativa, trouxe um nome bem mais legal: UAI WHY.

“A ideia surgiu quando a Kylie, minha esposa e sócia, entrou de vez no projeto. Ela é americana e faz apple pies, banana breads e cookies incríveis. A gente queria que o nome refletisse essa mistura: o acolhimento e a simpatia do povo mineiro com a eficiência dos americanos”, revelou.

O nome nasceu como uma piada interna entre o casal. Ele dizia “Uai” o tempo todo, ela perguntava “Why?”. Daí veio o insight! É tão sonoro, divertido e criativo, que logo ganhou o coração dos internautas – e os transformou em cliente$. 

 

Coffee, Culture and Conversation

Uai Why

Posicionamento da Uai Why

O nome de uma marca é a primeira chance que um negócio tem de contar sua história. Na maioria dos casos, é necessário conhecer a narrativa que o embasa, para que faça sentido. Mas UAI WHY é tão genial que em apenas duas palavras, consegue comunicar o posicionamento – coffee, culture and conversation. Criatividade e essência resumem.

UAI WHY é original e não pode ser plagiado. Não apenas por estar em processo de registro no INPI, mas, sobretudo, porque conta a história dos sócios. Um concorrente pode até tentar reproduzir, seja por má fé ou falta de conhecimento sobre as leis de propriedade industrial, mas esse storytelling é tão autoral quanto o nome! 

 

 

 

Nome bom não salva negócio ruim

O atendimento da cafeteria é um show à parte. De acordo com Claudenir, os colaboradores são treinados a conversar, perguntar o nome e lembrar o rosto de todo mundo. Coisa de mineiro mesmo, sabe!?

Aqui preciso ressaltar que nenhum nome, por mais brilhante que seja, sustenta uma empresa sozinho. E é aí que o UAI WHY brilha ainda mais: conquistou corações com a originalidade do Naming, mas fidelizou clientes com a experiência e o sabor.

 

Quando o Naming faz o papel do Marketing

“A gente nunca gastou com marketing. Foi o nome que fez tudo acontecer”, contou Claudenir. “Viralizamos no Twitter com um post despretensioso e, no dia seguinte, tinha fila na porta. Acabamos vendendo tudo.”

O boom nas redes sociais foi só o começo. A cafeteria virou ponto turístico na capital do Rio Grande do Sul. O cardápio é a entrega literal do branding: pão de queijo e café quentinho dividem espaço com tortas de maçã, cookies e cafés gelados – esses últimos, inclusive, ainda pouco comuns por lá, mas sucesso absoluto graças à influência da Kylie.

Entre o “uai” e o “why”, nasceu um herdeiro em 2025 – e não foi nem em Minas, nem nos Estados Unidos. Vicente Ferreira é gaúcho de Porto Alegre, cidade onde os pais, Claudenir e Kylie, abriram a primeira unidade da UAI WHY.

Será que vem aí uma UAI WHY, TCHÊ? Porque onde tem café, afeto e eficiência, sempre cabe mais um!