Três linhas não são quatro!

 

Recentemente duas grandes marcas tiveram um embate judicial por conta das listras de seus produtos, o que causou um enorme burburinho no mundo fashion e movimentou o mundo da propriedade intelectual. Eu tô falando da gigante Adidas e do ícone em alfaiataria Thom Browne.

 

Como as duas marcas com segmentos diferentes tiveram que resolver na justiça sobre o uso de suas listras, segue o fio (ops as listras!)…

 

Segue as listras…

 

Adidas é uma marca que, a título de curiosidade, tem o nome patronímico, ou seja formado a partir da junção do apelido do fundador com a primeira sílaba de seu sobrenome, Adolf, que era chamado de Adi, Dassler: A-DI+DAS.

 

Seu logo é inconfundível: as três listras mais famosas do mundo. Junto com seu nome foi desenvolvido esse icônico logotipo, formado com as três listras, que representam: desempenho, qualidade e autenticidade. 

 

Presta a atenção neste atributo “autenticidade”. Claramente a marca preocupa-se em se resguardar de cópias desde sempre. Essas três listras são patenteadas no que a gente chama de “marca de posição” dentro da Propriedade Intelectual – semelhante aos 3 ilhóses da Osklen, tá lembrado?

 

Já Thom Browne, fundou em 2003 uma marca de alfaiataria nomeada com seu nome e sobrenome. Quando foi em 2005 ele lançou uma coleção da sua marca usando três listras nas estampas. Três anos depois, em 2008, ele recebeu uma notificação extrajudicial da Adidas, solicitando que ele aceitasse o acordo e parasse de fabricar peças com as três listras. 

 

Ele aceitou, cancelou a coleção e passou a desenvolver uma coleção usando quatro listras. 

Pelo visto, aprendeu a lição e logo em seguida entrou com processo de patente sobre as quatro listras. 

 

É inovador e revolucionário? Não! Mas é diferente da Adidas.

 

Mas essa é uma opinião pessoal minha rs 

 

A Adidas não gostou de nada disso e tornou a notificar o Thom Browne, alegando que as quatros llistras podiam confundir os consumidores, mesmo cada marca competindo em mercados totalmente diferentes no final das contas.

 

Qual o desfecho da briga das listras?

 

Pelo visto o juiz que julgou o caso concordou comigo. A sentença saiu em 2023, concluindo que Thom Browne não infringiu nenhuma marca registrada da Adidas, o que foi uma grande surpresa, visto que geralmente nesses processos as grandes marcas sempre ganham. 

 

A lição que fica é: se você tem uma marca com algum elemento autoral, seja uma estampa ou um detalhe que você desenvolveu e distingue sua marca de qualquer outro concorrente. Registre! 

 

E lembre-se, 3 linhas não são 4, ok?!

 

Dimmy Castro – Especialista em Propriedade Industrial